28 de março de 2024
Saúde em Foco

Conheça o que conflita a jovens cometerem decisões erradas em sua vida

O motivo da escolha deste tema, é devido aos diversos casos registrados de percas de vidas, a jovens por motivos relacionados às redes sociais.

Conhecer o que se passa na mente de um jovem com um psicológico frágil é muito difícil explicar em apenas um artigo, mas vamos tentar chegar o mais próximo disso. Para isso, convidei a doutora Flavia Pimentel lima que é especialista em Psicologia Hospitalar entre outras pós graduações e que atende na Clínica São Ponciano, entre outras clínicas de referência no Piauí.

O motivo da escolha deste tema devido os diversos casos registrados de suicídio de jovens por motivos relacionados às redes sociais. Como um alerta aos familiares e amigos decidimos escrever sobre o assunto para que outros casos como esses já publicados não mais ocorram. Para entender essa triste realidade a psicóloga iniciou informando que falar em suicídio é bastante delicado, ao mesmo tempo em que é preciso ter cuidado ao julgar esta palavra. É um problema que, no Brasil, vem crescendo, pois nos últimos vinte anos, a taxa de suicídio aumentou 30% na faixa etária entre os 15 e 29 anos, tornando-se a terceira principal causa de morte de pessoas em plena vida produtiva no País.
Ao tentar compreender esses número tão elevados perguntei de quem é a culpa. “Ao focalizarmos a questão do comportamento suicida na adolescência, faz-se necessário ampliar o nível de compreensão desse fenômeno. Pensar acerca do suicídio exige uma reforma do pensamento. Os motivos que levam um adolescente a tentar o suicídio precisam ser entendidos a partir da sua própria história. Há indicadores físicos e emocionais que podem revelar se um adolescente encontra-se em um grupo de risco de suicídio: baixa auto-estima, conflitos familiares, fracasso escolar, perdas afetivas e violência, que associados à condições de estresse emocional, aumentam o risco”.

Sobre a prevenção, algo que ainda precisa ser ampliado, a psicóloga disse: “É preciso conhecer, para prevenir”. A Organização Mundial de Saúde (OMS) possui um manual de prevenção do suicídio, onde fala sobre o comportamento suicida, fatores de risco, dentre outras informações importantes para a prevenção do mesmo. Como vimos anteriormente, o suicídio acaba sendo uma forma de comunicação, uma maneira encontrada pelo sujeito de pedir ajuda. Em geral, o suicida expressa a intenção do ato através de palavras ou comportamentos. As pessoas que cercam este sujeito precisam estar atentas às manifestações expressas.
A mente jovem é mais fraca que a de um adulto? Por que? “Atualmente, os adolescentes são considerados pelos adultos e idosos como “mais espertos e inteligentes que os de antigamente”, principalmente devido a sua facilidade em lidar com as novas demandas tecnológicas. Além desta situação, devemos pensar nos fatores genéticos (se um dos familiares já teve um quadro depressivo, há uma maior chance de incidência em seus filhos) e nos traços afetivos da própria personalidade do adolescente, já que alguns podem ser considerados mais sensíveis e sentimentais que outros”, disse a doutora.

São muitos os fatores que interfere na vida do jovem para deixa los mais vulneráveis a esse fato. A doutora Flávia nos informou que além de conhecer os inúmeros fatores que podem levar ao suicídio, é fundamental considerar as possibilidades de prevenção e ações de proteção ao adolescente. É importante desenvolver em cada jovem o senso de valor próprio, a confiança em si mesmo, a busca de ajuda sem medo ou receio, a flexibilidade para aprender coisas novas e também as habilidades em se comunicar. Há outros fatores de proteção, como a família, que pode oferecer suporte emocional e boa estrutura interna, laços afetivos positivos e respeito mútuo.
Ela ainda explica que quanto às questões sociais, há ainda a necessidade de aceitação e de identificação com certos grupos de interesse, somada às exigências da vida cotidiana moderna, num mundo cada vez mais complexo e competitivo. Também são fatores que podem influenciar o aparecimento da depressão, uma vez que o adolescente muitas vezes enfrenta uma distonia entre o corpo real e sua aspiração: um nível de exigência e o estabelecimento de padrões muito elevados no que tange à magreza, no caso das meninas, ou virilidade, no caso dos meninos, pode ser fonte de ansiedade, angústia e depressão.

É muito complicado identificar dentro de sua própria casa um jovem que “deseja” suicidar-se, então para facilitar esse reconhecimento a psicóloga nos deu as seguintes orientações:
“Existem estágios no desenvolvimento da intenção suicida, iniciando-se geralmente com a imaginação ou a contemplação da idéia suicida. Existem três características próprias do estado em que se encontra a maioria das pessoas sob risco de suicídio:
1.Ambivalência: é atitude interna característica das pessoas que pensam em ou que tentam o suicídio. Quase sempre querem ao mesmo tempo alcançar a morte, mas também viver.
2.Impulsividade: o suicídio pode ser também um ato impulsivo. Como qualquer outro impulso, o impulso de cometer suicídio pode ser transitório e durar alguns minutos ou horas.
3.Rigidez/constrição: o estado cognitivo de quem apresenta comportamento suicida é, geralmente, de constrição. A consciência da pessoa passa a funcionar de forma dicotômica: tudo ou nada.
Ela deixa claro que a maioria das pessoas com idéias de morte comunica seus pensamentos e intenções suicidas. Elas, freqüentemente, dão sinais e fazem comentários sobre “querer morrer”, “sentimento de não valer pra nada”, e assim por diante. Todos esses pedidos de ajuda não podem ser ignorados. Fique atento às frases de alerta. Por trás delas estão os sentimentos de pessoas que podem estar pensando em suicídio. São quatro os sentimentos principais de quem pensa em se matar. Todos começam com “D”: depressão, desesperança, desamparo e desespero.

Identificando que o jovem pode esta correndo risco de vida, a psicóloga orientou que os responsáveis procurem um psicólogo ou psiquiatra. “ Nos psicólogos seguimos e orientamos os seguintes passos: “O primeiro passo é achar um lugar adequado, onde uma conversa tranquila possa ser mantida com privacidade razoável. O próximo passo é reservar o tempo necessário. Pois pessoas com ideação suicida usualmente necessitam de mais tempo para deixar de se achar um fardo. É preciso também estar disponível emocionalmente para lhes dar atenção. O terceiro passo é a tarefa mais importante que é ouvi-las efetivamente, conseguir esse contato e ouvir é por si só o maior passo para reduzir o nível de desespero suicida”. Ela explicou que o objetivo é preencher uma lacuna criada pela desconfiança, pelo desespero e pela perda de esperança e dar à pessoa a esperança de que as coisas podem mudar para melhor. Uma abordagem calma, aberta, de aceitação e de não julgamento é fundamental para facilitar a comunicação.
Ainda sobre a prevenção ela disse que não se pode ter uma visão simplista de que a prevenção se dá de forma rápida e constitui um trabalho fácil. A construção de ações necessárias à promoção da saúde do adolescente precisa integrar aspectos de sua singularidade, ao considerar ambiguidades, contradições e incertezas. Pois para evitar os pensamentos e o planejamento do suicídio é importante ficar atento aos sinais que podem indicar que a pessoa está pensando em tirar a própria vida. Mudanças repentinas de humor, agressividade, depressão e o uso de frases, como: 'estou pensando em me matar; o mundo seria melhor sem mim, ou tudo se resolveria se eu não estivesse mais aqui' também servem de alerta. Mas somente identificar estes sinais não é suficiente, e por isso é muito importante buscar ajuda profissional, com um psicólogo ou psiquiatra para definir as estratégias para parar de pensar em tirar a vida.

“Fortalecer o vínculo afetivo com a família, amigos e com uma comunidade de fé como a igreja, por exemplo, pode ajudar a ter relações interpessoais mais satisfatórias e aumentar a percepção de apoio, melhorando assim o bem-estar e a qualidade de vida do jovem”, ressaltou. Ela ainda ressalta que um outro elemento que parece contribuir é o acesso fácil, instantâneo e detalhado a qualquer tipo de informação, propiciado pela web, pois nos últimos anos, houve exemplos de adolescentes brasileiros que tiveram o suicídio assistido e incentivado via internet. Contudo, sabe-se que, quando um suicídio acontece, há um risco considerável de que outro venha a ocorrer, não muito tempo depois, na mesma família, escola ou comunidade. No caso de crianças e adolescentes, esse fenômeno gera preocupação extra.

Com isso, é importante como prevenção, como alerta a psicóloga, que os pais ou responsáveis mantenha-se vigilante em relação aos sites frequentados, pois é comum pessoas doentes buscarem na internet uma forma de se aliviar e por vezes, acabam encontrando pessoas tão ou mais doentes ou com grupos anônimos que estimulam o suicídio. “A pessoa fica vivendo num mundo virtual, levando a um maior afastamento, introspecção, a mais depressão, a um isolamento. Isso é preocupante, porque o conhecimento dos meios muitas vezes é buscado por quem está com ideação suicida. Ele pode começar a planejar, e isso auxilia. Outro aspecto são ambientes virtuais onde se pode falar tudo, exortar o jovem a fazer. Onde, de modo inconsequente, protegida pelo anonimato, a pessoa exorta o suicídio, dá conselhos, banaliza”, informou a psicóloga.

“A dor que toma conta da mente do sujeito está carregada de estados emocionais negativos como culpa, vergonha, angústia, solidão, acompanhada de ideais de morte, na intenção de dar fim a essas emoções insuportáveis. O ato suicida demonstra uma grande ambivalência, onde o sujeito vai atrás da morte, mas de alguma maneira deseja a intervenção de socorro, quando transmite sinais verbais ou comportamentais da sua intenção. É como se ele quisesse transmitir que algo está errado e necessita de uma solução, mas não encontra meios para fazê-lo. Por isso o suicídio também é considerado um pedido de ajuda. O ideal é conversar com a pessoa e não deixá-la sozinha. Ao conversar, procure não falar muito e ouvir mais, já que muitas vezes a pessoa só precisa ser ouvida. “Se possível, acompanhe-a a um profissional de saúde e peça orientação”, diz. Outra medida é retirar acesso de ferramentas potencialmente destrutivas dentro de casa como arma, remédios e substâncias tóxicas - para evitar o uso delas em um impulso”, recomendou.

“Fortaleça o vínculo afetivo com a família, amigos e com uma comunidade de fé como a igreja, por exemplo, pode ajudar a ter relações interpessoais mais satisfatórias e aumentar a percepção de apoio, melhorando assim o bem-estar e a qualidade de vida do jovem”, aconselhou.
“Nas famílias com membros potencialmente suicidas, instala-se o medo constante da perda, que conduz à vivência antecipada do luto. Para essas pessoas, o suporte psicológico também constitui medida necessária a fim de evitar a instalação de ideias desfavoráveis à existência e prevenir novas tentativas de suicídio no grupo envolvido. A sociedade tem reservado aos adolescentes, muitas vezes, o lado negativo da existência, por meio da violência, do abandono, da discriminação. A esperança se encontra nas redes de apoio, quer na esfera comunitária, quer no espaço mais íntimo da família, afim de oferecer aos jovens a oportunidade para que sua existência se inscreva no tempo e espaço plena de significados”, encerrou a especialista.

Credito que este artigo estará ajudando muitos jovens e adultos a buscarem ajuda, a reconhecerem que não estão bem. Acredito também que ajudará muitos pais, responsáveis e amigos a salvar a vida de quem tanto querem bem, mas que devida a rotina e as grandes responsabilidades os afastam desse fato não permitindo que enxerguem o que está acontecendo com alguém tão próximo. É difícil a rejeição e ela pode acontecer de diversas formas como a humilhação, preconceito, silêncio, violências, entre outros. Traumas psicológicos muitas vezes podem causar a morte! Encerro este artigo pedindo respeito, pedindo mais amor ao próximo, pedindo mais reconhecimento pelas coisas boas, pedindo mais atenção. Devemos nos ajudar para só assim crescermos juntos, evoluirmos!  Comece o seu dia com um bom dia e um elogio a quem está perto.

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